A história e a cultura da África Atlântica contadas em desenhos, cores, esculturas, música, dança e sons. Foi assim que a Feira Cultural Afro-brasileira encerrou a programação do projeto Trançando Africanidades neste sábado (30). Cerca de mil alunos de 20 instituições da Rede Municipal de Ensino passaram pelo Cemae ao longo do dia, apresentando e assistindo a apresentações culturais e exposições artísticas.

A abertura da Feira contou com a presença do secretário de Educação, Esmeraldino Correia

A Feira é fruto de um trabalho desenvolvido em sala de aula ao longo dos últimos três meses. Para os estudantes, foi um período bastante proveitoso. “Foi muito importante o projeto ensinar o respeito à africanidade e o que todos os negros passaram na época dos portugueses e da colonização, com a escravidão. E tudo o que os negros passaram de castigo, de senzala, essas coisas”, comentou Júlio César Santana, estudante do 6º ano da Escola Municipal Padre Isidoro, do povoado da Estiva. A escola de Júlio se dedicou ao estudo da África do Sul, e ele esteve representando o seu principal líder, Nelson Mandela.

O estudante Júlio César representou Nelson Mandela, principal líder da África do Sul

De acordo com o secretário de Educação, Esmeraldino Correia, é de grande importância conhecer e estudar a África, a nossa “pátria mãe”. “A cultura afro-brasileira é fundamental na constituição da história das nossas razões, das nossas opções. Hoje, aqui, está a África Atlântica; é história, é Brasil, é brasilidade. Nós temos um dever imenso com a África, nossa terra mãe, é de lá que vem vários itens da nossa cultura, da nossa língua, do nosso falar, da nossa constituição física também”, declarou o secretário.

Iniciativa da Secretaria Municipal de Educação, o projeto Trançando Africanidades chegou à sua terceira edição, abordando o tema “África Atlântica – pelos fios da história eu vou!”. “Nós tentamos dar ênfase aos intercâmbios e trocas dos países localizados beirando o Oceano Atlântico, continente africano, e a América, em especial o Brasil; qual a influencia que nós recebemos desses povos. Porque nós sabemos que o povo africano contribuiu muito com a formação da sociedade brasileira e com a nossa formação enquanto cidadão brasileiro”, explica a coordenadora do Núcleo de Diversidade e Educação para as Relações Étnico-Raciais, Greissy Reis.

Diversas apresentações culturais fizeram parte da programação

A professora Hildeci Prado desenvolveu o Trançando Africanidades juntamente com os seus alunos, na Escola Municipal Antônio Machado Ribeiro, no povoado de São João da Vitória. De acordo com ela, o projeto plantou importantes sementes no reconhecimento e valorização da identidade negra: “A gente tem estudantes de uma comunidade quilombola e que não sabem o seu valor, e agora eles passaram a conhecer mais o que é ser quilombola. E isso foi muito bom também pra comunidade onde eles convivem, porque eles levaram o projeto também para seus pais, seus familiares, que é uma comunidade quilombola.”

As estudantes Ana Beatriz e Ana Júlia aprenderam que é preciso dizer não ao preconceito

Os estudantes que participaram das atividades realmente estão encerrando o projeto com muito mais conhecimento para multiplicar. Sobre a relação de brancos e negros, Ana Beatriz Freitas, estudante do 5º ano da Escola Municipal Tenente Coronel Joaquim Pinto Paca, opina: “Por dentro, eles são iguais, por fora só são diferentes na cor da pele.” Sua colega, Ana Júlia Rodrigues, completa: “Não pode haver preconceito contra os africanos, é preciso respeito entre brancos e negros.”