Após o intenso trabalho de escrever roteiros, filmar, dirigir e atuar, eles participaram da exibição dos filmes e da entrega das premiações

Ester, melhor atriz e melhor cinegrafista: “Aqui eu sou mais importante”

Ester Cristina Santana Maria, doze anos, nasceu em São Paulo, mas mudou-se em 2012 para o estado da Bahia, município de Vitória da Conquista, distrito de Bate-Pé, onde vive a família de seu pai. Estabelecida no novo ambiente e matriculada no Centro Educacional Eurípedes Peri Rosa, a menina garante ter encontrado um clima escolar que em nada lembra o que conheceu na unidade de ensino em que estudava antes, na capital paulista. “Lá em São Paulo, não tinha nada parecido. Era uma escola normal. Quando cheguei aqui, fiquei assim: ‘nossa, tem interclasse, tem cineclube’. É uma coisa diferente”, contou a estudante na noite da última quinta-feira, 14, após receber dois troféus – de melhor atriz e de melhor cinegrafista – no 5º Festival de Cinema de Bate-Pé. “Aqui eu sou mais importante”, comemorou.

A parte irônica da história é que, no início do projeto “O lugar onde vivo conta um pouquinho de mim” (etapa inicial do evento cinematográfico), Ester não queria participar como atriz. Preferia ficar atrás das câmeras. “Eu queria escrever os roteiros e dirigir. Participar, eu não queria”, lembrou. Por força das circunstâncias, foi para a frente das câmeras e acabou por conquistar o reconhecimento dos jurados com a atuação no curta “Caminho errado”. O prêmio como cinegrafista deve-se à perícia com que ela manejou a câmera em “A hora do pesadelo”, eleito por unanimidade como o melhor filme da noite. Não é por acaso, portanto, que Ester se sente “mais importante” em Vitória da Conquista.

Jurados assistem ao curta “A hora do pesadelo”, eleito o melhor filme

Humor e terror– “A hora do pesadelo” uniu humor e terror num tempo mínimo, o que serviu para prender as atenções e garantir os aplausos efusivos do público que o assistiu, na quadra poliesportiva do Centro Educacional Eurípedes Peri Rosa. A empolgação foi semelhante entre os jurados, fato que contribuiu para que o curta recebesse os troféus de melhor filme e melhor diretor. Devido à ausência do diretor, coube ao estudante Rogério Novaes, 14 anos, a tarefa de receber os prêmios. Ele interpretou o personagem principal do filme – aquele que, após deitar-se para dormir, começa a ser atormentado por criaturas malignas. Sua atuação foi convincente: “Eu me sinto honrado. A sensação é de emoção”.

Gabriel (de azul), com a equipe de “A hora do pesadelo” e o secretário de Educação, Ricardo Marques (de vermelho)

Reconhecimento– Quem estava na quadra poliesportiva, durante a premiação, pôde perceber a surpresa com que a estudante Daniela Teixeira recebeu o Prêmio Lentes Rurais, concedido pelo júri do Festival de Cinema de Bate-Pé. A honraria foi concedida à estudante em reconhecimento pelo empenho com que ela se dedicou a auxiliar os colegas na produção de vários filmes. A dedicação aos trabalhos alheios foi tamanha que terminou por ocupar-lhe todo o tempo e não permitir que ela conseguisse finalizar e editar, a tempo, o filme que ela mesma estava produzindo. De modo que o prêmio reconheceu seu altruísmo.

Daniela: “Agradeço à escola e aos professores”

“Fiz meu filme. Só que, fazendo outras coisas, não deu para editá-lo. Saiu perfeito, só que não teve como. Mas vou terminá-lo e passar no ano que vem…”, sonhou a garota. “Agradeço muito à escola e aos professores, por eles sempre acreditarem em mim e me darem forças”.