Cultura
Postado em 9 de novembro de 2025 as 13:17:09
e atualizado em 10 de novembro de 2025 as 20:27:42
No número 55 da Praça Joaquim Correia, no Centro de Vitória da Conquista, destaca-se imponente um prédio histórico da cidade. A sede da Prefeitura Municipal, com mais de um século de construção, abriga não apenas o Poder Executivo Municipal, mas uma grande parte do patrimônio cultural e histórico da cidade. E neste domingo – 9 de novembro – data de aniversário dos 185 anos de emancipação política do município, após descerramento da placa de tombamento e assinatura de decreto, o prédio passou a ser denominado de Palácio Joia do Sertão Baiano.

A mudança de nome, viabilizada por força de Decreto Municipal, faz referência à primeira estrofe do hino da cidade, escrito pelo poeta Euclides Dantas, que carinhosamente chama Vitória da Conquista de “joia do sertão baiano”. Construído em 1921, o prédio, que se tornou sede do governo municipal em 1962, passou por reformas estruturais importantes e abriga hoje um memorial dedicado à memória dos ex-prefeitos e intendentes que governaram o município.

Aloísio Allan, Sheila Lemos e Ivan Cordeiro
Em seu discurso, a prefeita Sheila Lemos enfatizou a importância da preservação da história local. “A preservação do patrimônio é um legado imensurável para as próximas gerações. Agora vamos nos empenhar e trabalhar para que, além da preservação do passado, tornarmos a cidade cada vez melhor para se viver”, declarou Sheila Lemos.
O presidente do Conselho Municipal de Cultura, Washington Rodrigues, enfatizou a importância do processo de tombamento e a participação determinante do Conselho de Cultura para a preservação do patrimônio histórico. “Estamos dando um passo muito importante para manter a preservação desses prédios que contam a história da nossa cidade. O tombamento garante que as futuras gerações possam conhecer e contemplar esses marcos históricos”, acrescentou Washington.

Washington
Rafael Celino, arquiteto e urbanista da Prefeitura e membro do Núcleo de Preservação do Patrimônio, destacou que o tombamento representa um marco na conservação do legado deixado por grandes mestres construtores do passado, como Luiz Pedreiro e Antônio Zabelê, e para a preservação de um acervo único e insubstituível. “É um orgulho ter nossos prédios históricos tombados, especialmente neste primeiro momento com os edifícios do Legislativo e do Executivo. Essa ação é crucial para a manutenção da nossa história e para o enriquecimento cultural de Vitória da Conquista”, afirmou Rafael.

Rafael
Alecxandre Magno, assessor especial de Cultura do município, também falou sobre a relevância do tombamento. “É uma felicidade enorme ver Vitória da Conquista completar 185 anos de emancipação com a preservação de sua história. Com a inclusão destes cinco imóveis, os cidadãos poderão conhecer a história da cidade e identificar suas origens”, afirmou o assessor.

Alecxandre
A decisão pelo tombamento dos edifícios foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Municipal de Cultura no último dia 23 de outubro, após parecer técnico elaborado pelo Núcleo de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Município. Os decretos de tombamento foram publicados no Diário Oficial do Município do dia 5 de novembro deste ano.
Ações de preservação
As últimas intervenções, visando a preservação da integridade física do prédio sem a perda de sua identidade histórica, envolveram uma nova pintura, de acordo com os padrões arquitetônicos do prédio, dando suavidade e mais vida à sede do Executivo Municipal. Também houve a remodelação da entrada, dos gabinetes da prefeita e do vice-prefeito — que ganharam um espaço mais amplo — e do pátio, reforma dos banheiros, melhorias no telhado, adequação dos reservatórios de água e troca de forro.
De acordo com o Parecer Técnico para Tombamento do Edifício, elaborado pelo Núcleo de Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Município, o tombamento justifica-se por dois fatores: tanto pelo valor arquitetônico, por representar um exemplar íntegro e imponente da Arquitetura Eclética do município, quanto pelo valor histórico-cultural e biográfico, sendo um testemunho físico da obra de Luiz Pedreiro, cuja técnica construtiva ímpar e legado profissional são parte indissociável da história de Vitória da Conquista.
- Reforma realizada em 1985
- Reforma realizada em 1985
Ainda segundo o parecer técnico do Núcleo de Preservação, o tombamento do prédio é um ato de justiça histórica e cultural que protege não apenas a pedra e o cimento, mas a memória do saber fazer, a identidade de um povo e a contribuição de um de seus mais importantes cidadãos.
O Governo Municipal tem participado ativamente das atividades do Núcleo de Preservação, que visa a preservação de imóveis históricos de Vitória da Conquista. No caso do prédio da Prefeitura Municipal, os esforços são para a manutenção do espaço, com intervenções que tragam conforto tanto aos servidores que trabalham no local quanto à população que busca serviços, unindo a tecnologia e a inovação com a preservação do prédio histórico, que guarda um imensurável patrimônio histórico, político e cultural de todos os conquistenses.
- Reforma do Paço Municipal em 2025
- Novos forros instalados
- Área da entrada do prédio
Biografia de Luiz Alexandrino de Melo
Nascido em Salvador, Luiz Alexandrino de Melo, popularmente conhecido como Luiz Pedreiro, chegou a Vitória da Conquista ainda jovem. Considerado o melhor construtor do seu tempo, pela solidez de seu trabalho de arquitetura, construiu grande número de prédios históricos da cidade, como o prédio do Quartel (onde hoje funciona a Prefeitura); o sobrado do Cel. Paulino Fernandes (onde está hoje o Banco do Brasil), em 1906; o sobrado de Maneca Santos, onde funciona a Câmara de Vereadores, em 1912; o palacete residência do Cel. Pompílio Nunes e dezenas de casas residenciais de belas fachadas na cidade. Luiz Pedreiro faleceu em 1926, no município de Encruzilhada.
Edifícios históricos tombados:
Palácio da Joia do Sertão Baiano e Sede da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista –Inaugurado em 1921, o Antigo Quartel da Polícia Militar e sede da Prefeitura desde a década de 1960 é um dos marcos da Arquitetura Eclética no município, preservando integralmente seus traços originais.
O imóvel é também um registro do trabalho do mestre de obras Luiz Alexandrino de Melo (Luiz Pedreiro), cuja técnica contribuiu para moldar o perfil urbano de Vitória da Conquista no início do século XX. O edifício simboliza a consolidação política e administrativa do município.
Edifício da Antiga Câmara de Vereadores (atual Memorial Manoel Fernandes de Oliveira) – Construído em 1910, o imóvel foi originalmente residência do Coronel Manoel Fernandes dos Santos Silva (Maneca Santos), figura importante da economia local. Posteriormente, abrigou o Hotel Central, o Fórum Municipal e a Justiça do Trabalho, antes de sediar, na década de 1960, a Câmara de Vereadores. Hoje, transformado em Memorial Manoel Fernandes, o prédio representa a trajetória institucional e política de Vitória da Conquista.
Casa das Artes (antiga Biblioteca José de Sá Nunes / atual Centro de Convivência do Idoso) –Datado de 1924, o casarão abrigou a primeira Biblioteca Municipal, sendo um espaço emblemático de acesso ao conhecimento e à cultura. O edifício acompanhou a expansão intelectual da cidade nas primeiras décadas do século passado e, até hoje, mantém sua vocação comunitária e educacional ao sediar o Programa Municipal Vivendo a Terceira Idade.
Solar dos Fonsecas –Exemplar de destaque do estilo neoclássico, o Solar dos Fonsecas é reconhecido por sua simetria, ornamentação refinada e pinturas internas de valor artístico. A obra também é associada ao mestre Luiz Pedreiro, reafirmando sua importância na formação estética da cidade. O casarão é um dos últimos exemplares inteiramente preservados do início do século XX.
Solar dos Ferraz –Com traços da arquitetura de inspiração portuguesa e linhas neoclássicas no frontispício, o Solar dos Ferraz está ligado à história de famílias tradicionais e ao surgimento do núcleo urbano central. Considerado o exemplar mais completo do estilo regional, o casarão também tem autoria atribuída a Luiz Pedreiro e simboliza o refinamento arquitetônico da época.

































